Qua, 08 de novembro de 2023, 17:00

Pesquisadores percorrem foz do Velho Chico para criar indicadores de sustentabilidade
Projeto visa auxiliar gestão de recursos hídricos no estuário entre Sergipe e Alagoas
Grupo de pesquisadores percorre águas do Velho Chico entre SE e AL. Foto: Divulgação/GeoBSF
Grupo de pesquisadores percorre águas do Velho Chico entre SE e AL. Foto: Divulgação/GeoBSF

A água salobra às margens da Ilha da Teresa, distante cerca de 15 quilômetros da foz do Rio São Francisco, no município de Brejo Grande, no Leste de Sergipe, é apenas um dos sinais das mudanças no ecossistema da região ribeirinha.

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Além dos impactos vistos a olho nu na fauna e na flora, os efeitos sociais e econômicos diante do avanço do mar emergem a cada relato de quem vive da riqueza natural do Velho Chico, principalmente da pesca artesanal.

Elaborar indicadores ambientais e socioeconômicos para melhorar a gestão de recursos hídricos na região da foz é o objetivo de um grupo de 20 pesquisadores que começou a percorrer as águas do São Francisco no final do mês de outubro.

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Ilha da Teresa, no município sergipano de Brejo Grande, no Baixo São Francisco. Foto: Josafá Neto
Ilha da Teresa, no município sergipano de Brejo Grande, no Baixo São Francisco. Foto: Josafá Neto

Com a elaboração dos indicadores de sustentabilidade sobre a foz do Velho Chico, a equipe pretende desenvolver uma plataforma online de monitoramento das cadeias produtivas e dos recursos naturais do Baixo São Francisco.

Coordenado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o trabalho também envolve pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF).

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Nos próximos três anos, os pesquisadores das cinco instituições vão percorrer a região estuarina, em parceria com a ONG Amigos do Turismo e do Meio Ambiente, da Barra dos Coqueiros-SE, e a Associação Aroeira, de Piaçabuçu-AL. As coletas serão feitas, pelo menos, duas vezes ao ano, nos períodos de chuva e de seca.


Pesquisa envolve análise de peixes capturados no estuário do rio. Foto: Divulgação/GeoBSF
Pesquisa envolve análise de peixes capturados no estuário do rio. Foto: Divulgação/GeoBSF

"O objetivo principal é permitir aos estados e municípios e aos comitês gestores a utilização dos indicadores para tomar decisões, estabelecer políticas públicas, formular princípios, normas e diretrizes, decidir sobre o uso, controle e proteção da água enquanto recurso", afirma o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Marcos Cruz.

Com execução até o ano de 2026, o projeto intitulado "Indicadores ambientais e socioeconômicos para a gestão integrada participativa dos recursos hídricos da foz do Rio São Francisco e zonas costeiras adjacentes" é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Indicadores ambientais

Os indicadores ambientais estão sendo elaborados a partir da análise de parâmetros físico-químicos da água e do solo; da avaliação das concentrações de pesticidas, metais pesados e contaminantes biológicos no pescado; e da distribuição de espécies de peixes, moluscos e crustáceos ao longo do estuário.

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Silvânio Costa é químico e professor de Recursos Hídricos da UFS. Foto: Josafá Neto
Silvânio Costa é químico e professor de Recursos Hídricos da UFS. Foto: Josafá Neto

"Esta região vem sofrendo com mudanças no padrão climático, com a ocorrência de sucessivos períodos de seca. Há um avanço da cunha salina na região da foz, causando a salinização das águas utilizadas para abastecimento e atividades agrícolas, alterações na biota e diminuição dos estoques pesqueiros," alerta o químico e professor de Recursos Hídricos da UFS, Silvânio Costa.

Indicadores socioeconômicos

Os indicadores socioeconômicos são voltados para as cadeias mais impactadas pelo avanço do mar na região: a pesca artesanal e a rizicultura, diante do processo de substituição do cultivo de arroz pela carcinicultura, que é a criação de camarão.

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Esta etapa da pesquisa também conta com a participação direta das comunidades ribeirinhas, desde a aplicação de questionários à realização de oficinas, a fim de compreender, sobretudo, as transformações na cadeia produtiva do pescado ao longo do tempo.

Josafá Neto

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Qui, 09 de novembro de 2023, 11:06
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