A dormência na mão esquerda e as fortes dores no lado direito da cabeça, de forma contínua, levaram a dona de casa Maria Rosa Góis até o pronto socorro. Após passar por uma bateria de exames, ela descobriu que tinha um tumor cerebral. Com o diagnóstico, surgiu a possibilidade de passar por um procedimento inovador para auxiliar a retirada do tumor.
Maria está entre os 65 pacientes das redes pública e privada de saúde que se submeteram ao procedimento cirúrgico utilizando o Neurokeypoint. O aplicativo de neuronavegação foi desenvolvido pelo neurocirurgião Bruno Fernandes no doutorado em Ciências da Saúde na Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob orientação da professora Joselina Luzia Oliveira.
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A ferramenta aumenta a precisão da localização das lesões e, com isso, permite a realização de neurocirurgias menos invasivas. "Na prática, isso significa abrir menos o paciente na hora de fazer o procedimento, reduzindo também os riscos de complicações cirúrgicas," explica o médico.
Como funciona o app?
Com o uso de recursos de realidade aumentada e inteligência artificial, a ferramenta permite o reconhecimento automático dos marcadores colocados na cabeça do paciente por meio do aparelho celular, cujo objetivo é facilitar a localização da lesão cerebral com mais exatidão.
A tecnologia foi aplicada pela primeira vez há quase três anos para a retirada de um tumor intracraniano em um paciente no Hospital de Cirurgia, em Aracaju, onde o neurocirurgião desenvolveu a pesquisa em parceria com o Grupo de Neurocirurgia Oncológica.
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"Tivemos resultados bem satisfatórios. Em todos os casos aplicados até agora, o aplicativo conseguiu localizar com uma precisão milimétrica a região do tumor, atingindo o alvo de forma bem acurada," afirma o doutor em Ciências da Saúde pela UFS.
Estudante do sétimo período do curso de Medicina da UFS, Guilherme Almeida despertou o interesse pela área de neurocirurgia e atua no desenvolvimento da ferramenta desde o início da graduação. Para isso, ele uniu os conhecimentos de álgebra linear com princípios neurológicos.
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"Estamos na fase de finalização dos testes clínicos para validação da ferramenta e começando também a etapa de difusão da tecnologia para que ela possa se tornar acessível a outros profissionais da área para auxiliar neurocirurgias," ressalta o estudante.
O desenvolvimento da ferramenta foi impulsionado com recursos financeiros do Programa Centelha. A iniciativa da Fapitec (Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica de Sergipe), em parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), visa estimular a cultura inovadora e empreendedora.
Premiações
A solução inovadora foi uma das vencedoras do Prêmio Mentes da Inovação. O concurso busca impulsionar a ciência no Brasil por meio do reconhecimento de projetos inovadores de ciência aplicada nas categorias de Saúde e Agricultura.
A ideia também está concorrendo ao Prêmio Euro de Inovação em Saúde, que reconhece inovações da área médica e incentiva o desenvolvimento de soluções que transformam vidas. A premiação abrange 17 países da América Latina.
Josafá Neto e Jefferson Santos
josafaneto@academico.ufs.br
Assista abaixo o vídeo sobre o Neurokeypoint: