A escolha de qual carreira seguir costuma ser difícil para alguns estudantes em processo de conclusão do ensino médio. A grande demanda de opções na UFS, por exemplo, com 100 cursos, gera dúvidas para o pretendente ao ensino superior. Pensando nisso, o Departamento de Estatística e Ciências Atuariais (Decat) criou o projeto de extensão coordenado pelo professor Daniel Francisco Neyra Castañeda visando a auxiliar o aluno por meio de palestras com os princípios básicos dessas carreiras.
“A nossa ideia era mostrar para a sociedade as áreas de Ciências Atuariais e Estatística. Às vezes passávamos mais de uma hora tirando as dúvidas dos alunos, que variavam desde a nota para acesso à universidade por meio do vestibular até o mercado de trabalho. Não sei exatamente a quantidade de escolas visitadas antes da pandemia, mas acredito que foram mais de 50 e 1.000 alunos atingidos. Tivemos muitas respostas, pois ao passar dos anos as demandas por vagas nos referidos cursos foram aumentando. Quando a pandemia passar, retornaremos com nossos encontros presenciais”, explica o professor Daniel.
As palestras ocorriam em escolas das redes pública e privada da Grande Aracaju, que entravam em contato com a direção do projeto através da coordenação pedagógica. Na ocasião, dois professores falavam sobre os cursos do Decat e respondiam algumas perguntas dos alunos (características das áreas, duração dos cursos, pré-requisitos para a entrada, empregabilidade etc.) e, em seguida, um aluno do projeto falava o seu ponto de vista sobre os desafios das carreiras e o contexto da universidade como um todo.
No começo da pandemia os professores Carlos Raphael Araújo e Daniel gravaram dois vídeos explicando a dinâmica de cada carreira. Quando a escola entra em contato solicitando a palestra, os links das gravações feitas por meio da plataforma Google Meet são enviados. Essas instituições de ensino têm a responsabilidade de repassar para os seus alunos de acordo com sua logística (capacidade de lotação do local onde serão exibidos os vídeos e horário).
Apesar do esforço da equipe para contornar os obstáculos, a pandemia naturalmente atrapalhou as atividades, é o que explica o estatístico Eliezer Fontes da Victoria, que fez parte da ação como monitor. “Não foi muito proveitoso devido ao momento pandêmico que estamos vivento. Entrei em contato com algumas escolas, mas só obtive a resposta de duas, pois as demais estavam fechadas”.
Escolha consciente
Para o professor de Estatística Carlos Raphael, participar dos encontros possibilita aos alunos uma escolha consciente da carreira. “Os cursos de Estatística e Ciências Atuariais por não serem conhecidos não são atraentes. De longe parecem ser algo muito chato, cheio de contas complicadas e ninguém sabe direito para que servem. Essa divulgação pode ajudar os alunos a tomar uma decisão consciente no momento do vestibular. E se não tiverem interesse nas áreas, pelo menos saberão o que um estatístico e atuário fazem”.
Segundo a analista de setor pessoal Thais das Virgens, que também foi monitora, projetos como esse podem ajudar na diminuição da taxa de evasão na universidade. “Muitos não sabem o que um atuário faz. Quando eu cursava o ensino médio, não tinha nenhuma visão desse curso. Decidi que iria cursar Ciências Atuariais em cima da hora por achar que seria parecida com a área de Contábeis, mas na realidade são diferentes. Graças a Deus no decorrer da graduação me apaixonei pelo curso, porém muitos que ingressaram comigo não permaneceram por não conseguirem entender de fato a realidade do curso”.
“As disciplinas que são vistas no início ainda não são voltadas para o curso em si. Até o terceiro período o estudante de atuária só tem matérias de cálculo. É justamente até o terceiro período que ocorre a evasão. Talvez se eles tivessem participado de uma atividade como essa antes de ingressarem na universidade ainda estariam no curso”, completa.
Mais sobre as carreiras
Segundo a Resolução nº 65/2012/Conepe/UFS, as competências e habilidades a serem adquiridas pelo bacharel em Ciências Atuariais ao longo do desenvolvimento das atividades curriculares e complementares do curso são, dentre outras:
- possuir capacidade para determinação e tarifação dos prêmios de seguros de todos os ramos e dos prêmios de capitalização, bem como dos prêmios especiais ou extraprêmios relativos a riscos especiais;
- estar apto a assinar, como responsável técnico, balanços das empresas de seguros e de capitalização, das carteiras dessas especialidades mantidas por instituições de previdência social e outros órgãos oficiais de seguros e resseguros e dos balanços técnicos das caixas multuariais de pecúlios ou sorteios, quando publicados;
- ter conhecimento na área financeira e consciência técnica de que os ativos geridos não servem apenas para fomentar a busca pelo maior retorno/risco possível, mas que estão atrelados a passivos atuariais relacionados a algum aspecto econômico-financeiro de bem estar social.
No que se refere ao bacharel em Estatística, as competências e habilidades a serem adquiridas constam as que seguem, dentre outras (Resolução nº 76/2012/Conepe/UFS):
- ter conhecimento das formas de planejamento, coleta, organização e síntese de dados e das formas de medição das variáveis de sua área de atuação e de organização e manipulação dos dados;
- saber produzir sínteses numéricas e gráficas dos dados através da construção de índices, mapas e gráficos;
- ser capaz de, a partir da análise dos dados, sugerir mudanças em processos, políticas públicas, instituições etc.
Tatiane Macena (bolsista)
Luiz Amaro (edição)
comunica@academico.ufs.br