Ter, 15 de fevereiro de 2022, 10:43

Conhecer para não temer: répteis e anfíbios são apresentados a estudantes de Itabaiana
Projeto é desenvolvido pelo Departamento de Biociências
Exemplares da coleção científica e didática do Laboratório de Biologia e Ecologia de Vertebrados (Labev/DBCI) são expostos aos visitantes. (fotos: arquivo pessoal)
Exemplares da coleção científica e didática do Laboratório de Biologia e Ecologia de Vertebrados (Labev/DBCI) são expostos aos visitantes. (fotos: arquivo pessoal)

“Nas visitas costumamos abrir as portas do laboratório para os alunos e mostramos os animais que são vistos como asquerosos e perigosos. Tentamos mudar essa visão, aproximando os alunos de maneira segura dos animais que eles têm medo. Com isso, podemos ver a mudança no olhar deles e, consequentemente, temos a possibilidade de conservação da fauna, pois com a aproximação daqueles animais com as crianças elas passam a entender que os animais não oferecem riscos para o ser humano e passam a defendê-los”.

É dessa forma que o estudante de Ciências Biológicas Mateus Almeida dos Santos, 23 anos, explica o objetivo do projeto de extensão onde atua. Denominado “Zoologia na comunidade”, o projeto está sob coordenação do professor Eduardo José dos Reis Dias, do Departamento de Biociências do campus de Itabaiana (DBCI).


Segundo o professor Eduardo Dias, os visitantes passam a ter consciência de que esses bichos não causam o mal que a sociedade pensa.
Segundo o professor Eduardo Dias, os visitantes passam a ter consciência de que esses bichos não causam o mal que a sociedade pensa.

A ação dá a oportunidade aos estudantes de escolas públicas e particulares do município de ter contato com informações sobre biologia, ecologia e princípios de conservação da fauna de anfíbios e répteis que vivem no nosso estado.

Eles ainda aprendem sobre espécies ameaçadas, que fazem parte do Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna do Nordeste, e a importância médica das serpentes peçonhentas.

Segundo o professor, os estudantes passam a ter consciência de que esses bichos não causam o mal que a sociedade pensa. “Trabalhamos com animais não carismáticos, que são anfíbios e répteis. Eles são geralmente vistos pela comunidade como perigosos e não atrativos. As pessoas têm medo deles por causa de informações equivocadas. A missão desse projeto é combater esses mitos, que muitas vezes são passados dos mais velhos para os mais novos”, salienta.

Participação de bolsistas


Visitantes têm contato com informações sobre biologia, ecologia e princípios de conservação da fauna de anfíbios e répteis.
Visitantes têm contato com informações sobre biologia, ecologia e princípios de conservação da fauna de anfíbios e répteis.

Mais de 15 alunos de Ciências Biológicas já participaram como bolsistas. Nas atividades, eles apresentam informações sobre anfíbios e répteis por meio de slides, banners e exemplares da coleção científica e didática do Laboratório de Biologia e Ecologia de Vertebrados (Labev/DBCI).

Ex-participante do projeto, a mestranda Tainara Lima da Silva, 26, conta sua experiência. “Foi muito importante palestrar para jovens e crianças, que também são transmissores de conhecimento, afinal, se chamo atenção deles de alguma forma, eles passam para seus familiares em casa. No laboratório era possível desmistificar várias questões, como por exemplo a crença de que se o papa vento abrisse a boca a pessoa iria morrer. Participar dessa extensão agregou muito ao meu processo de formação, pois pude passar um pouco do meu conhecimento para eles”.


 Ações também ocorrem em feiras científicas e oficinas já existentes nas escolas.
Ações também ocorrem em feiras científicas e oficinas já existentes nas escolas.

Os bolsistas também integravam ações em feiras científicas e oficinas já existentes nas escolas. Sildieres Moura da Costa, 28, quando estudante, participou do projeto. Atualmente, ele dá aula para o ensino fundamental e faz questão de levar seus alunos para conhecer o trabalho de seu ex-mentor sempre que pode.

“Quando aluno, participei do projeto de extensão e agora como professor já levei alunos para ver. Há uma animação da parte deles, por estarem saindo da sala de aula e verem os bichos. É um conhecimento que é passado de forma mútua, onde o aluno da universidade aprende aquilo que será a profissão dele no futuro e o aluno externo ganha uma carga maior de aprendizado, diz.

Projeto expandido


Pretensão do projeto é incluir associações de produtores rurais e técnicos de enfermagem de hospitais públicos.
Pretensão do projeto é incluir associações de produtores rurais e técnicos de enfermagem de hospitais públicos.

O projeto será expandido para além da comunidade escolar. Passará a incluir também associações de produtores rurais e técnicos de enfermagem de hospitais públicos.

A nova fase contará com o apoio das secretarias de Saúde e Educação de Itabaiana, que vão funcionar como canais entre o projeto e a sociedade.

“A partir do início do semestre de 2021.2 vamos entrar em contato com técnicos de enfermagem para levarmos informações mais detalhadas sobre animais peçonhentos a hospitais e também faremos palestras para produtores rurais sobre anfíbios e répteis que, por viverem próximo às casas, visitam frequentemente esses locais e, infelizmente, por tendência de serem mal vistos acabam mortos”, explana o professor Eduardo.

Devido a pandemia da covid-19 as atividades do projeto foram interrompidas e devem retornar somente com a volta das atividades presenciais da UFS.

Tatiane Macena (bolsista)

Luiz Amaro (edição)

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Ter, 15 de fevereiro de 2022, 11:18
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