Ter, 08 de fevereiro de 2022, 09:12

Saúde sexual e reprodutiva com enfoque no DIU são temas de projeto desenvolvido em Lagarto
Iniciativa procura sensibilizar profissionais de saúde para a importância de ações ligadas ao dispositivo intrauterino
Priscilla Daisy Cardoso Batista, coordenadora: apesar de seguro, reversível, de baixo custo e disponível no SUS, faltam profissionais para inserção do DIU.  (fotos: arquivos pessoais)
Priscilla Daisy Cardoso Batista, coordenadora: apesar de seguro, reversível, de baixo custo e disponível no SUS, faltam profissionais para inserção do DIU. (fotos: arquivos pessoais)

O dispositivo intrauterino (DIU) constitui um método contraceptivo que atua comprometendo a qualidade e viabilidade dos espermatozoides, evitando que a fecundação seja efetiva. Trata-se de um método seguro, reversível e eficaz associado a poucos efeitos colaterais, com menores taxas de falhas.

Ele pode ser utilizado por toda mulher, tanto adolescente como adulta, desde que passe pela avaliação de um profissional de saúde. Segundo a professora Priscilla Daisy Cardoso Batista, do Departamento de Medicina do campus de Lagarto (DMEL), o DIU tem longa duração, boa efetividade (diferente de outros métodos contraceptivos), baixo custo e é disponível na rede SUS.

Uma dificuldade para o acesso ao dispositivo, porém, se coloca. Trata-se da falta de profissionais de saúde comprometidos com a sua inserção.

“Fizemos alguns ajustes em nosso trabalho no projeto este ano por conta das mudanças devido a pandemia, então trabalhamos com a sensibilização dos profissionais. Foram cinco equipes de saúde e cada equipe produziu um trabalho, fez uma discussão com sua comunidade com objetivo de fomentar esse tema”, diz a coordenadora do projeto.

“A ideia é que o município de Lagarto, em conjunto conosco, com esse fomento de informação e de formação, possa aumentar a inserção dos DIU’s para mulheres que muitas vezes não o inserem por falta de conhecimento, sejam as mulheres ou até mesmo as trabalhadoras e trabalhadores das próprias unidades básicas de saúde que muitas vezes têm muitas dúvidas e muitos tabus com relação ao método”, complementa.

Iniciado logo no começo de 2021, o projeto “Saúde sexual e reprodutiva com enfoque no acesso ao DIU na atenção primária” compreende edital de extensão da UFS direcionado a iniciativas desenvolvidas durante a pandemia.

Um dos motivos para a sua elaboração, segundo a professora, se dá em função do aumento da mortalidade de gestantes ou daquelas que morreram até 1 ano após o parto ou aborto em Sergipe. Dentre as principais causas dessas mortes, revelam-se desde a falta de UTI, por conta da superlotação causada pela covid-19, até a demora da vacinação.

A Secretaria de Saúde de Lagarto de pronto acolheu o projeto. Houve adesão ao DIU no centro especializado e alguns médicos demonstraram interesse em aprender a inseri-lo.

“Criamos uma página no Instagram e começamos a fomentar a divulgação do tema, produzimos material, fizemos uma oficina online com os profissionais e estamos esperando um retorno deles para uma avaliação do que acharam, quais foram os principais ganhos com o projeto. Estamos finalizando para que possamos estender para outras equipes de saúde ou até para outros municípios. O essencial é a parceria com o município de Lagarto”, diz a professora.

Para além do DIU


Karoline Alves, estudante:  projeto traz consigo questões como empoderamento, conhecimento e autonomia feminina.
Karoline Alves, estudante: projeto traz consigo questões como empoderamento, conhecimento e autonomia feminina.

O intuito de Priscilla – de realizar essa discussão em Lagarto – junto com estudantes de vários cursos demonstrou-se promissor. Com a institucionalização como projeto de extensão, organizaram algumas reuniões com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que já tinha um projeto sobre o DIU em unidades básicas de saúde, para discutir experiências.

Participaram de 8 a 10 estudantes. Segundo a professora, o contato com o tema e com as equipes de saúde da família e o trabalho no campo da prevenção e da promoção de saúde para além de ações assistenciais, conhecendo a realidade da organização da atenção primária, compõem ganhos que saltam aos olhos.

Do curso de Medicina, Karoline Alves fez parte do projeto. “Achei a experiência muito rica, o que contribui bastante na minha formação profissional e pessoal, pois o projeto traz uma abordagem ampla da saúde sexual e reprodutiva e não foca no DIU somente como forma de contracepção, mas como instrumento de empoderamento, conhecimento e autonomia feminina. Sendo assim, ajuda-nos a ofertar, futuramente, uma assistência profissional capacitada, humanizada e acessível. Além disso, o projeto também tem como objetivo a sensibilização e capacitação das equipes nas unidades básicas e, com isso, oferece-nos uma visão das redes de saúde estadual e municipal”.

E mais: “Acho que a experiência é muito válida, pois ela permite que o aluno tenha uma visão ampliada da saúde sexual e reprodutiva feminina. Ademais, proporciona trocas de conhecimentos e experiências com a equipe do projeto (professores, alunos, profissionais das unidades de saúde, gestores da saúde, entre outros). Por fim, acrescento que é muito gratificante participar de um projeto que tem como objetivo beneficiar a população”.

Projeto finalizado


Ações para além das assistenciais: projeto procura conhecer a realidade da organização da atenção primária.
Ações para além das assistenciais: projeto procura conhecer a realidade da organização da atenção primária.

O projeto foi encerrado em dezembro de 2021. A etapa de inserção do DIU não foi feita, mas a professora Priscilla conta que estão sendo organizados os trâmites para que as equipes façam levantamento de mulheres que têm interesse.

Pretende-se que a inserção seja feita preferencialmente na própria unidade de saúde no processo de treinamento que a equipe do município de Lagarto vai fazer. “Talvez a gente continue o projeto, mas ainda não temos garantia”, afirma a docente.

Mais sobre o DIU*

Dentre os benefícios do DIU, destacam-se:

- Método de longa duração, que pode durar até 10 anos;

- Tem alta eficácia para a prevenção da gravidez;

- Não contém hormônios;

- Pode ser inserido logo após o parto;

- Não interfere na vida sexual;

- Não necessita de intervenção diária da mulher.

No quesito efeitos colaterais, podem ocorrer aumento do fluxo menstrual e cólicas abdominais, por isso é recomendado fazer consulta e revisão.

Caso a mulher deseje retirá-lo, o procedimento pode ser feito a qualquer momento, preferencialmente durante o sangramento mensal.

*Informações extraídas dos materiais de divulgação do projeto.

Verônica Soares (bolsista)

Luiz Amaro (edição)

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Ter, 08 de fevereiro de 2022, 10:35
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