Ter, 21 de dezembro de 2021, 19:21

Autoconhecimento e compreensão da natureza são temáticas desenvolvidas em projeto do Departamento de Biologia
Ao todo, 18 trabalhos de doutorado, mestrado e iniciação científica vinculam-se à iniciativa

A busca pelo autoconhecimento “ajuda a nos ‘linkarmos’ novamente com a natureza posto que temos, hoje em dia, um afastamento causado pelo sistema de capital, especialmente pela indústria alimentícia e farmacêutica”. É a partir dessa premissa que um projeto desenvolvido pela professora do Departamento de Biologia (DBI) Alice Pagan é conduzido.

“Quando a gente visita quem somos, nosso autoconhecimento e autocuidado, a gente acaba trazendo reflexos disso acerca do mundo, assim nossa cura interior e o nosso resgate com a natureza nos faz também curar a própria natureza e curar as relações que a gente tem construído no mundo para algo que vá do bélico para o diplomático”, explica.

Denominado “Humanização na formação de professores de Ciências e Biologia: autoconhecimento e compreensão da natureza”, o projeto surgiu a partir do pós-doutorado da professora. Segundo ela, quando tentava relacionar singularidades, habilidades socioemocionais e desemprenho acadêmico.


Alice Pagan, coordenadora do projeto: sempre que estudo novos seres vivos estou questionando qual ser vivo eu sou. (fotos: arquivo pessoal)
Alice Pagan, coordenadora do projeto: sempre que estudo novos seres vivos estou questionando qual ser vivo eu sou. (fotos: arquivo pessoal)

Essa relação surgiu de uma questão de sua tese, que foi defendida em 2009 na Universidade de São Paulo (USP), onde ela tentou entender como o estudo sobre a natureza e o conhecimento sobre os elementos da natureza de certa forma trariam questões de quem somos enquanto seres humanos.

“Há uma questão latente, e sempre que estudo novos seres vivos estou questionando qual ser vivo eu sou, então há um autoconhecimento nesse processo”, diz.

A proposta do projeto agrega uma linha de pesquisa do conhecimento sobre a relação entre a afetividade e o aprendizado das ciências da natureza para além da racionalidade.

Três dissertações conectam-se ao projeto, segundo Alice:

- a de Valéria Santana Oliveira (leia aqui): estuda as questões do sexismo e o especismo na fala de estudantes veganos – “mulheres veganas constroem um carinho acerca dos demais seres vivos ao ponto de deixar de comê-los e quais traços biográficos as levam a isso”;

- a de Elaine Fernanda dos Santos (leia aqui): analisa o conceito de biodiversidade na formação de futuros professores de Ciências e Biologia e o quanto as perspectivas biocêntricas, que são essas mais diplomáticas, podem interferir nessa relação e nesse conhecimento;

- e a de Isabela Mayara (em desenvolvimento): estuda a relação entre a afetividade com os grupos de minoria e a afetividade construída para os demais seres vivos – “se a compaixão que temos com as minorias sociais também se reflete na compaixão com relação aos demais seres vivos”.

Ao todo, desenvolveram-se 13 trabalhos de mestrado, três de iniciação científica e agora dois de doutoramento com temáticas vinculadas ao projeto.

“Conversa” entre projetos


A mestranda Isabela Mayara participa do projeto: o pesquisador precisa aprender na prática, pensando, escrevendo.
A mestranda Isabela Mayara participa do projeto: o pesquisador precisa aprender na prática, pensando, escrevendo.

Isabela Mayara entrou no projeto em 2020 quando passou na seleção de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECIMA) da UFS.

Segundo a orientanda da professora Alice, a temática de ambos os projetos “conversavam”, então a professora a convidou para compor a equipe e coordenar juntamente com ela alguns alunos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Pesquisa (Pibic).

“A experiência foi ótima, pois desenvolve o pesquisador de forma prática e dá a oportunidade de ler e discutir sobre qualquer temática em conjunto. Costumo dizer que sou uma pesquisadora muito diferente da que quando iniciei graças a todas as competências e habilidades que consegui desenvolver pensando e trabalhando este projeto”, afirma Isabela.

“Um conselho que dou a todos que tenham a oportunidade de participar de um projeto como este, principalmente para aqueles que querem seguir uma carreira acadêmica: o pesquisador precisa aprender na prática, pensando, escrevendo. E projetos de pesquisa, grupos de trabalho e grupos de pesquisa servem justamente para isso, para que aquele profissional vá se desenvolvendo e se construindo, lendo muito, mas também praticando”, conclui.

Verônica Soares (bolsista)

Luiz Amaro (edição)

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Ter, 21 de dezembro de 2021, 19:36
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