Seg, 16 de agosto de 2021, 22:48

Projeto conscientiza e educa estudantes e população acerca da leishmaniose
Iniciativa foi desenvolvida em Nossa Senhora da Glória
Denominado "O cão não é o vilão: vamos falar sobre leishmaniose?", projeto é coordenado pela professora Roseane Nunes. (fotos: arquivos pessoais)
Denominado "O cão não é o vilão: vamos falar sobre leishmaniose?", projeto é coordenado pela professora Roseane Nunes. (fotos: arquivos pessoais)

‘‘O cão não é o vilão: vamos falar sobre leishmaniose?’’. Esse é o título do projeto desenvolvido pela professora do Núcleo de Medicina Veterinária do campus do Sertão da UFS Roseane Nunes. A ideia surgiu a partir da necessidade de explicar e conscientizar as pessoas que a culpa não é do cachorro e que o contato direto com o animal não transmitirá a doença.

A leishmaniose visceral canina (LVC), popularmente conhecida como calazar, é uma zoonose comumente causada pelo protozoário leishmania infantum transmitida através do repasto sanguíneo de fêmeas de flebótomos do gênero lutzomyia spp. Trata-se de um inseto que vive em regiões úmidas, em lixo orgânico. E é muito importante as pessoas se conscientizarem que se não existisse o inseto não existiria a doença, que é uma patologia de grande relevância e um grave problema de saúde pública no Brasil.

A pesquisa, que contou com a participação de alunos da iniciação científica (Pibic), traçou um perfil epidemiológico de cães da zona urbana e rural de Nossa Senhora da Glória, no Alto Sertão sergipano. Constatou-se que o município se encontrava em situação endêmica para leishmaniose visceral tanto em relação aos cachorros com tutores quanto aqueles não domiciliados ou cães de rua, como são conhecidos.


Ao todo, cerca de 200 adultos e 600 crianças foram atingidos pelo projeto.
Ao todo, cerca de 200 adultos e 600 crianças foram atingidos pelo projeto.

“Por existirem muitos cães nas ruas com problemas de pele, grande parte das pessoas acha que tudo é calazar e que a culpa é do cachorro e começa a rejeitar e maltratar esses animais e até querer eliminá-los. Aí surgiu a ideia de explicar que a culpa não é do cachorro, foi quando também nasceu o nome do projeto’’, explica a professora.

“Nós fomos em exposições, na festa do leite em Glória, fizemos também uma ação na universidade, através do UFS Comunidade, fizemos ações nas escolas, mostrando que a doença depende do inseto, mostrávamos todo o ciclo da leishmaniose, ensinávamos sobre a guarda responsável, sobre ter mais cuidado com os animais, então foi um projeto bem amplo’’, completa.

Ainda de acordo com Roseane, como resultado, além dos estudantes de Medicina Veterinária aprenderem sobre a leishmaniose, muitos tutores e crianças nas escolas visitadas não sabiam que o causador do problema era o inseto e não o cachorro. “Muitas crianças relataram tristeza de verem animais na rua ou até mesmo dentro da própria família sendo maltratados [por conta do desconhecimento]”.

Público atingido


Iniciativa contou com a participação de estudantes de iniciação científica de Medicina Veterinária do campus do Sertão.
Iniciativa contou com a participação de estudantes de iniciação científica de Medicina Veterinária do campus do Sertão.

Ao todo, cerca de 200 adultos e 600 crianças foram informadas sobre as formas de controle e prevenção da enfermidade. Foi alertado também que não se adquire a doença através do contato direto com o cão. Para Roseane, o trabalho contribuiu com o processo de transformação nas atitudes da população local em relação às zoonoses, leishmaniose visceral e responsabilidade com os animais, sendo que esses temas são essenciais para melhorias do bem-estar animal e da saúde pública.

‘‘Em relação aos estudantes, foi interessante como o tema despertou a paixão de muitos alunos por esse tema, por estudar sobre leishmaniose e tratamento para os cachorros. A aluna de Veterinária Bárbara Marques fez o trabalho de conclusão do curso sobre leishmaniose’’, conta a professora.

A própria Bárbara conta que o projeto a fez enxergar a importância da educação em saúde, ou seja, o quanto é relevante a disseminação de informações corretas sobre a doença, um problema de saúde pública que vai além do estado de Sergipe.


‘‘Toda a troca de experiência entre as pessoas que estavam dispostas a ouvir, o pouco que a gente pode compartilhar para que as pessoas fossem aconselhadas devidamente, ouvir a animação das crianças e o quanto se importam com os animais e como o projeto fez abrir os olhos sobre guarda responsável, tudo isso foi muito recompensador’’, relata.

‘‘Todos que deram oportunidade ao nosso projeto foram estimulados a pensar no papel que temos quanto à prevenção dessa doença, a ter em mente que o cão não é o vilão e que o personagem principal pode ser evitado se fizermos o nosso papel na sociedade e ver que não é algo tão difícil, que podemos acolher e manter contato com o cão sem que haja a transmissão e mostrar que as formas de prevenção e cuidado com estes animais influencia e muito no comportamento da doença, além de falar sobre a importância do médico veterinário para a comunidade, especialmente quando se trata de saúde pública’’, complementa.

‘‘Ações extensionistas como esta são imprescindíveis para a promoção do conhecimento da comunidade e também dos discentes envolvidos. Promove melhorias para a saúde pública local, pois a disseminação de doenças zoonóticas pode ser prevenida com a divulgação de informações epidemiológicas corretas para a população’’ diz Anita de Souza, que também foi uma das alunas envolvidas no projeto.

Franciele Fernandes (bolsista)

Luiz Amaro (edição)

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Atualizado em: Qui, 02 de setembro de 2021, 12:42
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