Ter, 06 de julho de 2021, 14:31

Estudo aponta impactos da pandemia na economia sergipana nos cinco primeiros meses de 2021
Análise abrange geração de empregos, arrecadação de ICMS e receita de bens e serviços no período

Pesquisadores do Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (Leader-UFS) divulgaram nesta terça-feira, 6, um novo levantamento sobre os impactos da pandemia da covid-19 na economia sergipana nos cinco primeiros meses de 2021.

A análise, no âmbito do Projeto EpiSergipe, aborda os efeitos da situação de emergência em saúde pública por conta do novo coronavírus na geração de empregos, arrecadação de ICMS e receita de bens e serviços entre janeiro e maio deste ano no estado.

Foram analisados dados mensais de emprego do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Notas Fiscais ao Consumidor (NFCe).

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Luiz Carlos Ribeiro é professor de Economia e coordenador do Leader-UFS. Foto: Adilson Andrade/Ascom UFS
Luiz Carlos Ribeiro é professor de Economia e coordenador do Leader-UFS. Foto: Adilson Andrade/Ascom UFS

"Apesar do saldo acumulado de emprego formal entre janeiro e maio de 2021 ter sido negativo, os dados indicam boa recuperação no mercado de trabalho formal dos segmentos de serviços e comércio, principalmente. Os dados da arrecadação do ICMS e das NFC-e reforçam essa recuperação, ainda que de forma modesta. No entanto, ao se avaliar o volume do setor de serviços em Sergipe, entre janeiro e abril de 2021, registra-se queda acumulada de -4,9% que, junto com o Distrito Federal, foi o pior resultado entre as unidades da federação," afirma o professor de Economia, Luiz Carlos Ribeiro.

Saldo de empregos formais

Nos cinco primeiros meses de 2021, Sergipe registrou saldo negativo de 136 postos de trabalho com carteira assinada, conforme dados do Caged. Foram 36.200 admissões diante de 36.336 desligamentos ao longo dos cinco primeiros meses do ano.

O levantamento aponta que os meses de janeiro e fevereiro deste ano seguiram a tendência de saldos positivos dos últimos cinco meses do ano anterior, apresentando mais de 1.000 postos de trabalho criados no período.

Por outro lado, o mercado de trabalho formal apresentou forte retração no mês de março de 2021, com saldo de -1.505. A partir de abril, há sinais de uma recuperação, com saldo de -111, ao passo que maio apresentou saldo positivo de 432 postos de trabalho.

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Emprego 2021

Saldo por atividade econômica

A análise mostra que os segmentos de comércio e de serviços apresentaram os maiores saldos no acumulado de 2021, com 1.184 e 1.146 postos de trabalho, respectivamente. Já indústria (-2.060) e agropecuária (-720) tiveram saldo negativo no período analisado.

O resultado da indústria foi impulsionado, principalmente, pela indústria de transformação (-1.999), mais especificamente, pela fabricação e refino de açúcar (-1.450). O saldo negativo da agropecuária, por sua vez, foi puxado principalmente pelo cultivo de cana-de-açúcar (-805). O setor extrativo e de beneficiamento do açúcar foram afetados pela entressafra da cana-de-açúcar, somando 2.255 vagas perdidas.

“O impacto da pandemia sobre o emprego formal é heterogêneo entre os setores. Ao analisar a criação de postos de trabalho em 2020, serviços, construção e comércio se destacaram negativamente, enquanto no acumulado de 2021, observa-se uma mudança na dinâmica da economia. Além disso, na medida em que a indústria foi o único setor em 2020 a apresentar saldo positivo, em 2021 está acumulando queda,” ressalta o professor.

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Emprego 2021 001

Saldo por território de planejamento

A distribuição do saldo de empregos formais por territórios de planejamento do estado indica que, no acumulado de 2021, houve saldo positivo em cinco dos oito territórios. São eles: Sul Sergipano (538), Agreste Central (484), Centro Sul (476), Baixo São Francisco (330) e Alto Sertão (220). Em contrapartida, Leste Sergipano (-1.087), Médio Sertão (-647) e Grande Aracaju (-450) tiveram saldo negativo.

Na Grande Aracaju, quatro dos nove municípios que formam o território tiveram forte queda de postos de trabalho. Esse resultado, segundo o levantamento, só não foi pior por conta dos números da capital (1.838), impulsionado principalmente pelo setor de serviços (1.164).

“Um ponto importante é que, com exceção do Leste Sergipano, os demais territórios não fecharam postos de emprego formal no setor de serviços. No segmento de comércio, todas as regiões apresentaram saldo positivo. No geral, esses resultados são importantes, pois demonstram uma nova fase da economia na pandemia,” pontua o professor.

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Emprego 2021 002

Arrecadação de ICMS

A arrecadação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o principal imposto estadual. Por isso, de acordo com Luiz Carlos Ribeiro, também é um indicador que ajuda a entender a dinâmica da economia sergipana em meio à pandemia.

Nisso, os cinco primeiros meses de 2021 apresentam as maiores arrecadações de ICMS em relação aos mesmos meses no ano anterior. Abril e maio deste ano lideraram as arrecadações no estado, com aumentos reais de 23% e 46%, respectivamente.

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Emprego 2021 003

Receita de bens e serviços

O levantamento indica que, entre janeiro e maio de 2021, quando comparado ao mesmo período do ano anterior, conforme a emissão de notas fiscais no período, as receitas de vendas em Sergipe aumentaram 10% em termos reais, ou seja, descontada a inflação.

Projeto EpiSergipe

A UFS, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe (Fapese), firmou uma parceria com o Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Saúde (SES), para o desenvolvimento de um projeto que visa acompanhar o grau de contaminação da covid-19 e os impactos da pandemia em Sergipe.

Subdividido em três vertentes, o projeto terá duração de um ano e consiste em monitorar o nível de infecção por covid-19, identificando-se a prevalência em quinze municípios, estimar os efeitos socioeconômicos da situação de emergência em saúde pública no estado e acompanhar os impactos sociais da pandemia em populações mais vulneráveis.

Josafá Neto (Rádio UFS)

comunica@academico.ufs.br


Atualizado em: Sex, 16 de julho de 2021, 18:16
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