Antes do século 20, operações cirúrgicas eram um espetáculo de horrores, feitas sem uso de entorpecentes que bloqueassem a dor. Apenas um século atrás as técnicas anestésicas foram desenvolvidas e aplicadas nas intervenções médicas. Muitos dos procedimentos foram sendo, então, realizados com o paciente inconsciente. No entanto, existe uma modalidade de cirurgia que é preferivelmente feita com o paciente acordado.
Operações envolvendo tumores cerebrais, principalmente, são melhor realizadas quando o paciente permanece consciente. A partir de estímulos em determinadas regiões do cérebro, os cirurgiões obtêm respostas e avaliam quais áreas podem ou não ser removidas. “Sendo o procedimento realizado com o paciente acordado, pode-se analisar essas áreas em tempo real e minimizar sequelas neurológicas que o paciente possa ter”, explica Arthur Maynart, neurocirurgião e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Depois de analisada a localização do tumor, os médicos fixam a cabeça do paciente e o deixam desacordado enquanto fazem incisões no crânio, com anestésicos locais. O paciente é acordado novamente e a cirurgia é realizada observando sinais neurais ou até mesmo a fala para detectar possíveis alterações. O professor Arthur ressalta que é importante levar em conta o perfil do paciente antes de considerar a cirurgia acordado. "Ele precisa ter um perfil tranquilo. É uma cirurgia muito estressante para o paciente e, por isso, é preciso ter uma aceitação quanto a essa modalidade de tratamento cirúrgico”.
No podcast SE é Ciência, Arthur bate um papo com Bruno Fernandes, também neurocirurgião e doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da UFS, para explicar mais profundamente as peculiaridades da cirurgia com o paciente acordado.
Felipe Rocha - Podcast SE é Ciência
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