Pela segunda vez consecutiva, a Universidade Federal de Sergipe leva o Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do CNPq. Nesta edição a agraciada foi Nathália Araújo, do curso de Farmácia, única premiada da região Nordeste. No ano passado, a conquista foi de Isabela Maria Monteiro Vieira, de Engenharia de Produção.
Segundo Nathália essa é a concretização de um sonho de criança. “Eu escolhi cursar farmácia porque queria ser cientista. No primeiro período que comecei a pesquisar no laboratório, já me identificava muito; foi através do laboratório que construí o meu ‘ser cientista’”, ressalta a aluna vencedora.
A estudante fez parte do grupo de pesquisa do professor de química farmacêutica da UFS, Sócrates Cabral de Holanda. O laboratório criado por ele tem o objetivo de desenvolver substâncias que possam reduzir a população do mosquito Aedes aegypti, sem causar danos ambientais.
Estudo premiado
A etapa desenvolvida por Nathália, na pesquisa coordenada pelo professor Sócrates, pretendia desenvolver um produto com potencial de atividade tóxica para o Aedes aegypti, de forma não agressiva para organismos não alvos. Ou seja, matar o mosquito sem matar - ou vitimando bem menos – outras espécies.
Para comparar a mortandade com o Aedes, Sócrates escolheu a Artêmia salina, um pequeno crustáceo marinho. A ideia era aplicar o produto químico desenvolvido por ele e sua equipe nas duas espécies e comparar o resultado em ambos.
Os testes mostraram que a pesquisa tem boas perspectivas. “Testamos na larva [do Aedes] e observamos que a substância mata em uma concentração bem baixa. Com o organismo não alvo (a Artêmia salina), testamos em uma concentração altíssima e ela não morreu”, diz Sócrates.
O crustáceo foi produzido no próprio laboratório. De acordo com Nathália, a escolha pela Artêmia se deu por ser um organismo importante no ecossistema, por ser primário na cadeia alimentar de que faz parte. “É um primeiro organismo para se testar, por ter facilidade de produção e ser considerado um impacto ambiental, se comprometido”, pontua.
Para o desenvolvimento da substância testada, a estudante e o professor utilizaram como molécula central o Indol benzenosulfonilado, e a partir dela foram desenvolvendo outras substâncias.
Segundo Sócrates, o Indol é um composto que todas as plantas e os seres humanos possuem, mas que pode ser uma arma contra o Aedes. “É possível fazer com que o mosquito absorva a substância sem muita dificuldade e consiga distribuir no organismo, causando a toxidade”, explica.
Futuro da pesquisa
Sócrates afirma que seu grupo de pesquisa pretende continuar o estudo, elaborando outros derivados, além do Indol.
Para ele, essa é uma pesquisa de grande importância, porque no Brasil há poucos estudos nessa área. “É uma pesquisa básica, com alto teor de inovação: a descoberta de novas moléculas, mesmo que seja uma molécula conhecida, consegue novas formulações”, enfatiza.
A premiação
O 16º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica é atribuído em três categorias: bolsista de Iniciação Científica, bolsista de Iniciação Tecnológica e Mérito Institucional.
Os vencedores receberão R$ 7 mil em dinheiro e bolsas de mestrado ou de doutorado no país. A instituição ganhadora na categoria Mérito Institucional será agraciada com troféu e dez bolsas adicionais de Pibic e/ou Pibiti em sua cota.
Eles também receberão hospedagem e passagens aéreas para participarem da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontecerá na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande, de 21 a 27 de julho de 2019.
Ao todo, foram recebidas 573 inscrições de 193 instituições, sendo 145 universidades e 48 institutos de pesquisa. Desse total, 213 eram da área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; 209 eram da área de Ciências da Vida e 151 eram relativos à área de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes.
Ana Clara Abreu (bolsista)
Marcilio Costa
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