Em outubro do ano passado, a UFS iniciou a implantação do Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede (SFCR), com a instalação da unidade do sistema no Departamento de Engenharia Elétrica. De lá para cá, outras duas unidades foram instaladas, também no Campus de São Cristóvão – na Biblioteca Central e na Didática V – e outros projetos estão em andamento: no Hospital Universitário e no Centro de Simulações do Campus de Lagarto.
A universidade dispõe, hoje, de 504 placas para captação da energia solar, economizando no consumo de energia elétrica quase R$ 12 mil por mês - ou R$ 144 mil ao ano (veja tabela). A potência produzida já coloca a UFS como a maior geradora de energia fotovoltaica de Sergipe.
Mas como funciona esse sistema? O que a sociedade ganha com isso? Para tirar essas dúvidas, conversamos com Milthon Serna Silva, professor do Departamento de Engenharia Elétrica (DEL) e integrante do Laboratório de Eficiência Energética e Energias Renováveis (LEER), que é um grupo de pesquisa vinculado ao DEL.
Socialização e capacitação
Ele explica que o SFCR é conectado à rede elétrica, então toda a energia produzida através da captação da luz solar integra o sistema de alimentação convencional. O que significa que, quando os prédios da UFS não estiverem em funcionamento, a energia gerada pelo sistema ainda estará sendo fornecida à rede (veja o infográfico).
O primeiro sistema instalado na UFS foi o do Departamento de Energia Elétrica. O projeto foi elaborado pelo LEER e enfrentou uma certa dificuldade para sua autorização pela concessionária de energia do estado, a Energisa.
“Quando a gente começou, a Energisa praticamente desconhecia esse tipo de sistema e, para autorizar o acesso [à rede], eles demoravam um ano, um ano e meio, para dar a resposta”, explica Milthon Serna.
O docente observa, porém, que não se trata de uma peculiaridade do estado. “Três anos atrás, o tempo médio que demorava para uma concessionária elétrica no Brasil autorizar o [acesso ao] sistema era de um ano”, diz.
Hoje, segundo Milthon, o tempo para autorização em Sergipe é de cerca de 15 dias. A concessionária, que não estava familiarizada com o modelo, embarcou na ideia. Tanto que o SFCR que será instalado no Hospital Universitário da UFS terá o custeio garantido pela Energisa.
Durante todos os procedimentos, os alunos de Engenharia Elétrica estiveram envolvidos, sendo capacitados para lidar com esse sistema. “Praticamente não há, atualmente no Brasil, curso específico dentro da universidade para esse tipo de energia”, pontua o professor.
Assim, conforme a UFS vai investindo para reduzir gastos, através do consumo de energia limpa e renovável, investe para fornecer ao estado uma força de trabalho preparada para lidar com a energia fotovoltaica.
Outra contribuição da universidade é a socialização das informações relacionadas aos sistemas instalados. Nesta página é possível acompanhar o monitoramento, em tempo real, de cada módulo em funcionamento (Sistemas Fotovoltaicos, no menu à esquerda). Estão disponíveis dados como a potência gerada e o valor economizado.
Energia solar em Sergipe
A Universidade Federal de Sergipe foi uma das pioneiras na instalação de sistemas fotovoltaicos no estado, de acordo com Milthon Serna. “Foi uma das primeiras com essa potência: geralmente, as fotovoltaicas eram instaladas em residências, de pequeno porte, não se instalavam praticamente em um prédio”, pontua.
Em Sergipe, a geração de energia através da luz solar é ainda incipiente. “Entre instituições federais, por exemplo, deve ter no máximo dez instituições que utilizam esse tipo de geração, de qualquer tamanho”, diz Milthon.
O professor aponta que, apesar de estar à frente de outros estados, como Alagoas, Sergipe está aquém do ‘boom’ que ocorre atualmente no Nordeste. Esse crescimento se dá por três motivos, segundo o docente.
“Primeiro, o custo de energia elétrica está caro - e cada vez aumentando mais; segundo, as condições climáticas que temos no Nordeste são as mais propícias para esse tipo de geração - e uma geração que não atrapalha em nada, depois de instalada não tem maiores problemas; e terceiro, porque se percebeu a importância da utilização de energia renovável, de fontes ecológicas”, disserta.
Usina da UFS
O próximo passo da universidade é a instalação de uma usina de energia fotovoltaica, que está atualmente em fase de planejamento. Ela deverá ser instalada no Campus do Sertão, em Nossa Senhora da Glória. A ideia é que a instalação das placas seja feita nas coberturas das 492 vagas cobertas que terá o estacionamento.
“É outro patamar, porque estamos falando de 3200 placas. Vai fornecer energia praticamente para abater a conta geral da UFS em 40%”, prevê Milthon.
Marcilio Costa
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